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Com pandemia, venda online supera a dos shopping centers

17 de janeiro de 2022 às 10:56

Antes do previsto e com um empurrão da pandemia, as vendas do comércio eletrônico superaram as dos shoppings centers no Brasil. Segundo um estudo da gestora Canuma Capital, no ano passado, as vendas online atingiram R$ 260 bilhões, um avanço de R$ 160 bilhões em relação ao registrado em 2019, antes da pandemia. Na outra ponta, os shoppings faturaram aproximadamente R$ 190 bilhões em 2019 e a previsão é que tenham fechado 2021 em R$ 175 bilhões, considerando as mesmas lojas, conforme o estudo.

Os dados, contudo, de acordo com a gestora, não mostram uma tendência de perda da relevância dos shoppings no varejo brasileiro – há cerca de 600 unidades em operação no País. Mas trazem à tona o desafio de solidificar ainda mais a digitalização das vendas, um processo já em curso.

Glauco Humai, presidente da Abrasce, associação que representa os shoppings no Brasil, disse ver com neutralidade o avanço do e-commerce, mas acredita que não é possível dizer o quanto das vendas online partiram da própria estrutura dos shoppings – seja uma venda feita pelo WhatsApp ou pela própria plataforma digital do varejista. Fora isso, as lojas físicas também funcionam como uma vitrine para os produtos e fazem parte, assim, da jornada da venda, diz. “Cada vez é mais difícil de se separar o que é venda online da offline”, afirma. O executivo aponta que a aposta dos shoppings, que já vem antes da pandemia, inclui a convergência dos canais de venda.

“Todos caminham para a multicanalidade”, diz. Segundo ele, a prova disso é o movimento do varejo nativo digital abrindo pontos físicos – muitos deles em shopping centers. Segundo Humai, a compra em si já se tornou atualmente uma commodity, algo que já fez com que os shoppings se ajustassem para serem centros de serviços e facilitadores para a compra por parte do cliente. “E, na pandemia o valor do ponto físico, para contato do cliente com a marca e produto, ficou ainda mais evidente.”

Reinvenção. Para o levantamento feito pela Canuma Capital foram utilizados dados dos grupos de capital aberto, incluindo empresas de comércio eletrônico, informações sobre shoppings investidos por fundos imobiliários, dados de associações e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explica Marcelo Vainstein, sócio da Canuma e ex-diretor da Brookfield Property Group. Hoje, a Canuma, que investe globalmente, não possui em sua carteira investimento em shoppings no Brasil, apenas nos Estados Unidos.

“Os shoppings terão de se reinventar para ter a mesma receita por metro quadrado”, avalia Vainstein. Ele ressalva, porém, que a penetração do e-commerce não é homogênea em todas as regiões do País e, dessa forma, dependendo da área, muitos shoppings sofrem menos esse efeito competitivo.

Ele aponta que o impacto nos shoppings do País foi desigual e aqueles com problemas pré-pandemia sofreram mais, assim como aqueles localizados em locais muito dependentes dos escritórios. Já os outlets superaram todas as expectativas e os shoppings que vendem produtos importados para a população de alta renda tiveram melhor performance, pois o turista brasileiro não conseguiu viajar e comprou localmente. Por outro lado, destaca Vainstein, com a retomada do turismo e com a população vacinada, o mercado de luxo local tende a perder volume de vendas.

Fatia. O estudo mostra que os shoppings tiveram uma perda de cerca de R$ 35 bilhões para o comércio eletrônico. Além disso, os centros de compras também perderam mais R$ 15 bilhões diretamente na área de serviços, com um menor fluxo em cinemas e área de alimentação, por exemplo.

Mas, apesar de ter tirado uma fatia das vendas antes realizadas nos shoppings, o maior ganho do comércio eletrônico veio mesmo do comércio de rua, ainda de acordo com o estudo.

Em relação à participação no varejo restrito, que não inclui na conta as vendas de veículos e de material de construção, o e-commerce tinha uma fatia total de 6,8% em 2019, e essa fatia saltou para 12,7% no ano passado.

Veja a matéria completa.

Estadão

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