Blog do Dina - Bolsonaro chama premiê da Hungria de irmão e volta a sugerir influência sobre Putin


Bolsonaro chama premiê da Hungria de irmão e volta a sugerir influência sobre Putin

17 de fevereiro de 2022 às 11:33

Em um rápido discurso durante sua viagem improvisada à Hungria, o presidente Jair Bolsonaro (PL) exibiu todas as credenciais que o colocam como um membro da liga de líderes populistas no espectro da direita nacionalista mundial.

Chamou durante uma declaração à imprensa o premiê Viktor Orbán, homem forte do país desde 2010, de "meu irmão dadas as afinidades", e disse que ambos os países "comungam de quatro palavras: Deus, Pátria, Família e Liberdade".

Não é a primeira vez que ele uso o mote, que tem origem no fascismo italiano das décadas de 1920 e 1930, sem a adição da "liberdade". Foi adotado por fascistas brasileiros da Ação Integralista e pela mais longeva ditadura europeia do século 20, a comandada de 1933 a 1974 por António de Oliveira Salazar em Portugal.

Bolsonaro chamou, não muito diplomaticamente, o país de quase 10 milhões de pessoas de "pequeno grande irmão" do Brasil.

O brasileiro voltou a insistir numa mentira sugerida por ele e replicada com sucesso nas redes bolsonaristas, com vídeo falso, de que ele teria influenciado Vladimir Putin, o presidente russo que visitara na véspera em Moscou, a decidir tirar partes das tropas que circundam a Ucrânia.

Inicialmente, disse: "Por coincidência, quando estávamos em voo, houve o anúncio". Até aí, correto. Aí ele completou: "Sendo coincidência ou não, a guerra não interessa a ninguém".

Não há nenhuma relação causal entre a decisão russa, de resto denunciada como uma farsa pelo Ocidente na disputa que vivem em torno da Ucrânia, e a chegada horas depois do brasileiro a Moscou.

O primeiro-ministro húngaro enfrentará duras eleições em abril, e seu time tem tentado atrair líderes do mesmo diapasão ideológico para tentar magnetizar seu eleitorado mais raiz —não muito diferente das ações de Bolsonaro quando adota discursos radicais.

O sonho de consumo da turma é Donald Trump em um evento conservador em março, mas o ex-presidente americano não topou ainda. Orbán é um líder que se notabilizou por uma metamorfose no poder, deixando sua origem mais liberal e anti-Rússia progressivamente rumo ao que ele mesmo chamou de "democracia iliberal".

É fustigado nos fóruns europeus por suas políticas contra imigrantes e a população LGBTQUIA+. Mas a Hungria ainda tem vitalidade para apresentar um desafio a seu poder com a unidade da oposição, e mesmo o temido uso que Orbán poderia ter feito dos superpoderes que se concedeu no começo da pandemia da Covid-19 não se materializaram.

Ele é personagem constante da turma mais ideológica do bolsonarismo, como o filho presidencial Eduardo, deputado federal pelo PL paulista. Ele já o visitara em 2019, e mantém interlocução por meio da rede radical organizada pelo ex-assessor da Casa Branca Steve Bannon.

Folha de S. Paulo

Comentários [0]


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.