Blog do Dina - Nudez de Carlos Eduardo espanta prefeitos e trabalha para  Rogério Marinho


Nudez de Carlos Eduardo espanta prefeitos e trabalha para  Rogério Marinho

17 de agosto de 2022 às 9:53

Devo confessar que demorei a captar a ironia contida nas manchetes desde ontem à noite, quando li que Carlos Eduardo processa Rogério Marinho por ter beneficiado o Rio Grande do Norte em sua passagem pelo grupo de auxiliares de Jair Bolsonaro.

Ao ler a peça, esperava relação de causa e efeito resultante da passagem de Marinho pelo posto da Previdência, de onde liderou reforma no setor no primeiro ano da gestão deste senhor que aí está na Presidência da República.

Ainda crio expectativas, lamentavelmente.

Por óbvio, achei que Carlos Eduardo teria grandeza de processar Rogério Marinho pela reforma da previdência. Os impactos nacionais obtidos com a reforma da previdência beneficiaram as contas públicas de tal maneira que só pude supor que o ex-prefeito de Natal iria acusar o adversário de tirar proveito disso.

Mas eu estava errado. Carlos Eduardo não mudou.

Não poderia, portanto, dar valor àquilo em que não vê valor. O ex-prefeito de Natal tende a desprezar aquilo que não compreende - como as finanças públicas. Aplicando aos outros a régua com que se mede, finalmente entendi o motivo do processo: recursos do MDR para o RN, parte deles via Codevasf.

Então caí em mim que o processo é absolutamente natural. Pela regra da régua de Carlos Eduardo, agora é óbvio: nada tendo feito ele por Natal quando prefeito, exige-se que seu adversário também não tenha serviços prestados ao RN. Será uma equação difícil de solucionar. Vamos adiante.

O verniz da imoralidade

Não acho que alguém em bom senso vá negar que há imoralidade nas emendas do relator. Elas ganharam o noticiário com o nome de orçamento secreto porque é difícil saber quem está destinando o que para onde. Aí que mora o perigo da falta de transparência.

Mas para citar a frase do senador Jean Paul Prates, há sofisma aqui. Sofismar é passar por verdade algo que parece verdade. É um argumento falso. Parte-se da premissa de que tudo que se originou do orçamento secreto é ilegal. A falta de transparência em Brasília é imoral com certeza. 

Mas ilegal? Carlos Eduardo está dizendo o quê? Que prefeitos como Odon Júnior (Currais Novos) e Eraldo Paiva (São Gonçalo do Amarante) foram comprados? Eu cito esses dois porque foram cidades beneficiadas por recursos do MDR, como tantas outras, mas eu desconheço que, sendo petistas, ambos venham a votar em Rogério Marinho.

Para minha perplexidade ele arrolou Odon como testemunha, além de outros prefeitos. Deixo aqui sugestões para inquirir os chefes das municipalidades: como é governar sem autossuficiência? Dói ter que pedir ajuda? É doloroso compor alianças? Vocês preferem o estilo solitário pedante ou o de alianças?

A estratégia

Por óbvio que a peça judicial estava pronta há tempos, aguardando o início da campanha. Quem assina a peça jurídica é o marketeiro da campanha de Carlos Eduardo, Erick Pereira.

Pereira está ciente de que nesta eleição o núcleo jurídico terá mais protagonismo que o departamento de marketing.

De certa forma isso é alentador para Carlos Eduardo. O que o marketing iria mostrar de seus feitos por Natal? A campanha estaria perdida. Ainda bem que há o jurídico com a inteligente estratégia de produzir notícia em que se vincule o nome de Marinho ao orçamento secreto.

É uma estratégia que lembra o conto de Hans Christian Andersen - e de onde saiu a expressão o rei está nu. É uma fábula sobre o rei vaidoso que não admitia ser contrariado e que foi enganado por um alfaiate lhe vendendo uma roupa que só os inteligentes viam. O rei desfilou nu, mas todos diziam ver seu traje majestoso para não contrariá-lo. 

É como Carlos Eduardo vai fazendo. Ele entra na batalha acossando prefeitos e listando os feitos que Rogério realizou. E o entorno do ex-prefeito vai aplaudindo.

Mas a verdade é que Carlos Eduardo está nu.

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