Blog do Dina - Democratas contradizem expectativas e podem liderar cinco estados a mais a partir de 2023


Democratas contradizem expectativas e podem liderar cinco estados a mais a partir de 2023

9 de novembro de 2022 às 16:47

A exemplo das eleições legislativas de terça-feira nos Estados Unidos, os democratas desafiaram várias previsões de derrota nos governos estaduais. Das 36 postos em disputa, eles conquistaram ao menos 15 e detêm a liderança de outros três, enquanto os republicanos obtiveram 16 e lideram em outros dois. Se os resultados se confirmarem, o Partido Democrata terá cinco governadores a mais a partir de 2023, totalizando 24, contra os potenciais 26 do Partido Republicano.

Os democratas venceram em estados-chaves como Michigan, Pensilvânia, Maine e Wisconsin, que integram o grupo conhecido como “muralha azul” — onde republicanos controlam as Assembleias Legislativas, tornando os governos estaduais imprescindíveis para vetar decisões em temas como direito ao aborto e supressão e subversão eleitoral, e que ajudaram Joe Biden a derrotar Donald Trump em 2020.

Em Michigan, a governadora Gretchen Whitmer ganhou um segundo mandato. Ela enfrentou o comentarista de TV conservador Tudor Dixon, que é apoiado pelo ex-presidente Trump e pela poderosa família DeVos do estado e fez campanha a favor da proibição quase total do aborto, inclusive para menores de idade vítimas de estupro e incesto. No Maine, a governadora Laura Kelly também foi reeleita, com uma vitória folgada sobre seu antecessor, o ex-governador trumpista Paul LePage.

Na Pensilvânia, o procurador-geral Josh Shapiro levou a melhor sobre Doug Mastriano, um coronel aposentado e senador estadual republicano que foi uma figura central na tentativa de derrubar os resultados das eleições presidenciais de 2020 no estado. Naquele ano, Trump solicitou a recontagem e o cancelamento de milhares de votos, alegando, sem provas, fraude eleitoral. Mastriano também participou da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, ao lado de apoiadores do ex-presidente que tentaram impedir a certificação da vitória de Biden.

Já em Wisconsin, o governador Tony Evers assegurou por pouco sua reeleição contra o magnata da construção Tim Michels, um republicano que também teve apoio de Trump. Em uma eleição que decidirá o futuro do acesso ao voto no estado, Evers obteve 51,2%. Em sua gestão, ele vetou mais de uma dúzia de leis aprovadas pelos republicanos para mudar a legislação eleitoral no estado.

O Partido Democrata ainda arrebatou dois governos de conservadores, em Massachusetts e Maryland, com candidatos que fizeram história.

Em Massachusetts, onde os republicanos governavam havia oito anos, a procuradora-geral Maura Healey será a primeira mulher abertamente lésbica a liderar um estado, depois de derrotar o republicano Geoff Diehl, apoiado por Trump. Em Maryland, o veterano do Exército Wes Moore será o primeiro negro a governar o estado. Ele derrotou Dan Cox, um republicano de extrema direita também apoiado por Trump.

A apuração ainda está em andamento no Arizona, um estado vermelho, mas a democrata Katie Hobs, principal autoridade eleitoral estadual, aparece na liderança, com 50,3% dos votos, enfrentando a republicana e ex-âncora de notícias Kari Lake, uma das grandes vozes da extrema direita.

Já em Nevada, o governador democrata Steve Sisolak tende a ser derrotado pelo republicano Joe Lombardo, o xerife da área de Las Vegas que foi endossado por Trump. A disputa é considerada uma das mais acirradas do país: com 77% das urnas apuradas, Lombardo lidera com uma diferença de cinco pontos percentuais, mas próximo da barreira mínima de 50% dos votos totais para vencer em primeiro turno.

Dois estados terão segundo turno, ambos liderados por democratas, mas com margens bastante estreitas de votos. No Kansas, a democrata Laura Kelly concorre como uma das governadoras mais ameaçadas do partido. No primeiro turno, ela obteve uma vantagem de menos de 15 mil votos sobre Derek Schmidt, o procurador-geral do estado apoiado por Trump. Nenhum dos dois, porém, atingiu o mínimo de 50% dos votos totais.

O mesmo ocorreu no Oregon, onde Tina Kotek, ex-presidente da Câmara estadual, terminou à frente da republicana Christine Drazan também por menos de 15 mil votos de diferença. Ela espera manter a hegemonia democrata no cargo, ocupado pelo partido há 36 anos. Assim como Maura Healey, de Massachusetts, Kotek é abertamente lésbica.

A democrata Michelle Lujan Grisham ganhou um segundo mandato no Novo México, assim como a governadora de Nova York, Kathy Hochul, que se tornou a primeira mulher a governar o estado depois que Andrew Cuomo renunciou, em agosto de 2021.

Os democratas também venceram na Califórnia, Colorado, Connecticut, Havaí, Illinois, Minnesota e Rhode Island.

O GLOBO