5 de dezembro de 2022 às 17:14
O ouro sempre foi um símbolo de poder e riqueza para a humanidade. Por isso mesmo, além de joias, existem desde utensílios e acessórios decorativos feitos com o metal precioso, até paredes inteiras e móveis revestidos. Quando o egiptólogo Howard Carter abriu a tumba do rei Tutankamon em 1922, a primeira coisa que viu foi: "Ouro - em todo lugar o brilho do ouro", de acordo com seus diários.
Nem a comida conseguiu escapar à obsessão humana por este metal precioso. Mas se engana quem acha que alimentos com ouro, como a carne folheada do Salt Bae, restaurante do chef turco Nusret Gökçe, no Catar, e que virou alvo de polêmica após uma visita de jogadores e ex-atletas brasileiros, é uma novidade. Os egípcios acreditavam que o ouro era um alimento sagrado. Na Europa medieval, o ouro utilizado pela nobreza como decoração em alimentos e bebidas na forma de folhas, flocos ou pó para demonstrar a riqueza do anfitrião. Também havia a crença de que o metal seria benéfico para a saúde.
Afinal, comer ouro tem algum benefício nutricional? De acordo com a nutricionista Priscilla Primi, colunista de O GLOBO e mestre pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), não. Além de não trazer benefícios à saúde, o sabor do ouro nos alimentos tampouco é perceptível.
— Consumir ouro não tem nenhum tipo de benefício nutricional ou para a saúde, ao contrário de outros bioativos e nutracêuticos, como os polifenois, que melhoram a saúde cardiovascular. O hábito está muito mais ligado à cultura do poder e à extravagância do que ao valor nutricional — afirma Primi.
Em sua forma pura, a ingestão de ouro também não traz riscos, pois ele não é absorvido pelo corpo. Após consumido, o ouro irá percorre o trato gastrointestinal, até ser excretado e acabar no esgoto. No entanto, a nutricionista alerta que não é todo ouro que pode ser consumido. As formulações que possuem metais pesado em sua mistura podem trazer malefícios.
Normalmente, o ouro consumível assume a forma de folha de ouro, flocos ou pó, de 22 a 24 quilates, forma considerada quase 100% pura e segura para ingestão. Assim como flores comestíveis, purpurina ou outra decoração, o impacto do ouro em uma preparação comestível é muito mais visual.
Além da carne folheada a ouro, é possível encontrar outros alimentos, incluindo doces e bebidas decorados com o metal em restaurantes ao redor do mundo.
O GLOBO
