13 de dezembro de 2022 às 15:28
Pessoas com dificuldade para pegar no sono devem se expor mais à luz solar, mesmo em dias nublado. Essa é a recomendação de pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, com base em um estudo realizado com alunos da instituição.
Publicado recentemente na revista científica Journal of Pineal Research, o estudo descobriu que os alunos da Universidade de Washington adormeceram e acordaram mais tarde durante o inverno, em comparação com as demais estações. Nessa época do ano, há poucas horas de luz natural no campus de Seattle e o tempo é predominantemente nublado.
Os pesquisadores usaram monitores de pulso para medir os padrões de sono e a exposição à luz de 507 alunos de graduação entre 2015 e 2018. Os dados indicaram que os alunos dormiam aproximadamente a mesma quantidade todas as noites, independentemente da estação. Mas, durante o inverno, os alunos iam para a cama em média 35 minutos mais tarde e acordavam 27 minutos mais tarde do que no verão.
Essa descoberta surpreendeu a equipe, já que Seattle – uma cidade de alta latitude – recebe quase 16 horas de luz solar no solstício de verão, com muita luz noturna para a vida social e pouco mais de oito horas de luz solar no solstício de inverno.
"Esperávamos que no verão os alunos acordassem mais tarde devido a toda a luz disponível durante essa temporada", disse o autor sênior Horacio de la Iglesia, professor de biologia da Universidade de Washington.
Com base nesses dados, os pesquisadores levantaram a hipótese de que algo no inverno estava "atrasando" os ciclos circadianos dos alunos. Para a maioria dos seres humanos, incluindo estudantes universitários, o ciclo circadiano inato que rege quando estamos acordados e dormimos dura cerca de 24 horas e 20 minutos — e é "calibrado" diariamente por informações fornecidas pelo ambiente. A luz solar é uma delas.
Para os alunos no estudo, os dados do sono indicaram que seus ciclos circadianos estavam atrasados até 40 minutos no inverno em comparação com o verão. A equipe por trás deste estudo acredita ter uma explicação: no inverno os alunos recebiam menos exposição à luz durante o dia. Outra pesquisa indicou que a falta de luz durante o dia causa problemas à noite, quando é hora de dormir.
"Nossos corpos têm um relógio circadiano natural que nos diz quando ir dormir à noite. Se você não se expõe à luz o suficiente durante o dia quando o sol está alto, isso 'atrasa' seu relógio e atrasa o início do sono à noite.", disse de la Iglesia.
Os dados mostraram que a exposição à luz diurna teve um impacto maior do que a exposição à luz noturna. Cada hora de luz diurna "adiantou" as fases circadianas dos alunos em 30 minutos. Mesmo a exposição à luz externa em dias nublados de inverno ou verão teve esse efeito, uma vez que a luz ainda é significativamente mais brilhante do que a iluminação artificial interna. Por outro lado, cada hora de luz noturna – luz de fontes internas como lâmpadas e telas de computador – atrasa as fases circadianas em uma média de 15 minutos.
"A luz durante o dia - especialmente pela manhã - avança seu relógio, então você se cansa mais cedo à noite, mas a exposição à luz no final do dia ou no início da noite atrasará seu relógio, atrasando o horário em que você se sentirá cansado. Em última análise, o momento em que você adormece é resultado do empurrão e puxão entre esses efeitos opostos da exposição à luz em diferentes momentos do dia", disse o pesquisador.
O estudo oferece lições não apenas para estudantes universitários. A orientação dos autores é que as pessoas saiam de casa e se exponham à luz natural, especialmente pela manhã, o máximo possível. Incluindo em dias nublados e chuvosos. Minimizar o tempo de tela e a iluminação artificial a noite também ajudar a adormecer mais rápido.
O GLOBO
