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Líquida, sem cheiro e transparente: como a 'droga do estupro' é usada em festas de classe média alta

27 de maio de 2023 às 10:41

Em festas de classe média alta na Zona sul carioca, utilizando aplicativos de mensagens e site de vendas, uma quadrilha com integrantes do Rio e de São Paulo comercializa uma droga sintética conhecida como GHB (gama-hidroxibutirato). Líquido, inodoro e incolor, o entorpecente tem forte efeito, mesmo se consumido em pequena quantidade. Por isso, além de ser adotado de forma “recreativa”, consensual, ganhou o apelido de “droga do estupro”, ao ser comumente usado por autores de crimes sexuais para deixar as vítimas desacordadas. Anteontem, policiais da 15ª DP (Gávea), com apoio da Polícia Civil de São Paulo, prenderam em flagrante três membros da quadrilha pelo crime de tráfico de drogas e associação para o tráfico.

O GHB líquido é transparente e não tem cheiro. Acondicionado pelos traficantes em pequenos frascos com conta-gotas, chegam discreta e facilmente às festas, onde são vendidos e usados. Os usuários consomem a droga pingando-a diretamente na boca ou em bebidas. Compreende-se, portanto, como o entorpecente pode ser facilmente usado para dopar vítimas de crimes sexuais ou golpes.

Nas apreensões realizadas nos endereços dos acusados de integrar a quadrilha, os policiais encontraram GBL (gama-butirolactona) e butanodiol, dois compostos orgânicos que, segundo as investigações, são matéria-prima para a produção de GHB. Além disso, tanto o GBL quanto o butanodiol se transformam em GHB dentro do organismo, depois de ingeridos.

‘Club drugs’

O GHB já foi utilizado pela indústria no Brasil para a remoção de graxa de máquinas. Atualmente, sua comercialização é proibida. Já o GBL e butanodiol têm venda permitida, mas controlada. Ambos são solventes também usados na indústria. No site do laboratório Sigma-Aldrich, que comercializa o GBL no Brasil, é feito um alerta sobre os perigos do GHB. O texto ressalta que ambas as substâncias são conhecidas como “club drugs”, usadas em festas e casas noturnas e também por autores de crimes de estupro.

Na última quarta-feira, o biomédico Yan Barbosa Damasceno foi preso em casa, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. No endereço, os policiais acharam maconha e butanodiol, além de cachimbos e isqueiros. Na clínica estética de Yan, em Ipanema, foi encontrado ácido hialurônico vencido, usado para procedimentos realizados no estabelecimento.

Em uma rede social, Yan tem 13 mil seguidores no seu perfil pessoal e 1,1 mil na conta de sua clínica. Na página, ele dá detalhes sobre os procedimentos realizados.

Segundo informações da Polícia Civil, cada frasco de 30 ml do entorpecente pode custar de R$ 100 a R$ 150. A quadrilha também agia em São Paulo, onde ocorreram as outras duas prisões.

O engenheiro civil Natan Wender Brandão foi preso em casa, na capital paulista, com grande quantidade de drogas sintéticas, como metanfetamina, além de anabolizantes. No local, também havia butanodiol. Na residência do auxiliar de serviços gerais Ednaldo José dos Santos Cosme, a polícia recolheu cocaína, GBL e dinheiro.

Veja a matéria completa.

O GLOBO 

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