Blog do Dina - A Conveniência da Loucura: A Defesa Psiquiátrica no Banco dos Réus


A Conveniência da Loucura: A Defesa Psiquiátrica no Banco dos Réus

25 de abril de 2024 às 11:27

Na tragédia que chocou Assu, o assassinato brutal da psicóloga Fabiana foi um desses eventos que reverberam além das manchetes, tocando questões profundas sobre justiça, saúde mental e a integridade do nosso sistema legal. A defesa do suspeito alega que ele estava há duas semanas sem seus medicamentos controlados, um detalhe que reacende um debate antigo e contencioso: até que ponto alegações de transtornos mentais servem como verdadeiro esclarecimento ou como uma saída estratégica no jogo jurídico?

A relação entre transtornos mentais e comportamento criminoso é complexa e frequentemente mal interpretada. Pesquisas indicam que indivíduos com certos diagnósticos psiquiátricos, especialmente aqueles não tratados ou mal geridos, podem ter um risco aumentado de envolvimento em comportamentos violentos. No entanto, é fundamental destacar que a maioria das pessoas com transtornos mentais não é violenta e, de fato, são mais frequentemente vítimas do que perpetradores de violência​.

O caso em questão lança luz sobre o sistema carcerário e de custódia, onde a prevalência de doenças psiquiátricas é notoriamente alta, contrastando com a população geral. Segundo estudos, a falta de tratamento adequado e a institucionalização prolongada podem exacerbar as condições psíquicas, levando a desfechos trágicos, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade​.

A defesa baseada em incapacidade mental, como apresentada pelo suspeito da morte de Fabiana, levanta questões cruciais: estamos diante de um diagnóstico legítimo que explica — mas não justifica — a ação violenta, ou seria esta uma manobra para mitigar a responsabilidade legal de um crime hediondo? O estigma em torno dos transtornos mentais, combinado com o histórico de uso oportunista de diagnósticos psiquiátricos em tribunais, cria um campo fértil para o ceticismo.

Não é raro ver casos em que a defesa alega problemas mentais como uma estratégia para obter uma sentença mais leve, invocando conceitos como a inimputabilidade penal ou a diminuição de capacidade de entender o caráter ilícito do fato​.

Doença mental é responsável por 10% dos crimes, diz estudo

Uma análise de crimes cometidos por pessoas com transtornos mentais graves descobriu que em menos de 10% dos casos a doença foi motivadora da ação. A Associação Americana de Psicologia alertou para a responsabilização equivocada de doenças mentais para crimes. As informações são do Daily Mail. 

Pesquisadores da Normandale Community College analisaram 429 casos cometidos por 143 criminosos, do tribunal de saúde mental em Minneapolis, com três tipos de doença mental. O resultado concluiu que 3% dos crimes estavam diretamente relacionados a sintomas de depressão, 4% aos de esquizofrenia e 10% aos do transtorno bipolar.

O dilema é real e as implicações são profundas. Se por um lado, a justiça não deve ser cega à saúde mental, por outro, não pode permitir que o abuso dessa defesa subverta a essência do sistema penal, que é responsabilizar adequadamente aqueles que cometem atos criminosos. Este caso deve servir como um chamado para um debate mais amplo e informado sobre como o direito penal interage com a psiquiatria forense.

O que você pensa sobre isso? As alegações de transtornos mentais são um refúgio legítimo ou uma rota de escape conveniente no sistema jurídico? Participe da discussão nos comentários abaixo.

 

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