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Após prejuízos ao setor logístico, desvio na BR-304 é liberado

21 de maio de 2024 às 9:28

Após prejuízos ao setor logístico, o desvio provisório da BR-304 foi liberado parcialmente na tarde desta segunda-feira (20), no sistema pare e siga, pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Com a interdição de trecho na BR-304 que liga Natal à Mossoró, o setor do transporte rodoviário de cargas e logístico no Rio Grande do Norte amargou prejuízos que vão de 30 a 40% no faturamento das empresas e aumento no desgaste com equipamentos. Além disso, o tempo nas entregas rodoviárias dobrou.


A rodovia federal está interditada há quase dois meses após fortes chuvas que atingiram o Estado no começo de abril. O desvio provisório, que está sendo feito pelo Dnit, foi parcialmente liberado após o órgão federal dar pelo menos quatro datas e adiar todas elas, alegando condições climáticas.


Segundo interlocutores do setor logístico e de cargas do Estado, há vários cenários que culminaram nos prejuízos. O primeiro deles é o gasto de tempo dos caminhões, que precisaram fazer o trajeto Natal/Mossoró utilizando a Estrada do Óleo (RN-408), o que aumenta o trajeto de quatro horas para até oito horas. Além disso, trechos de algumas dessas estradas acessórias não estão em boas condições, gerando custos com manutenção de pneus e peças dos caminhões.


Além dessas questões, José Neto, coordenador geral do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Estado do Rio Grande do Norte (Setcern), explica que os donos de empresa de logística tiveram pelo menos 30% de prejuízos no faturamento com o aumento dos custos que, segundo ele, não podem ser passados para os clientes em virtude dos contratos já terem sido assinados.


“Os contratos já estavam fechados pelas empresas de transporte. O que ocorreu foi um imprevisto e não conseguimos repassar esse custo para o embarcador. Acabamos assumindo esses gastos”, disse ele.


O transportador Nilson de Medeiros também aponta prejuízos na sua empresa e cobra agilidade do Poder Público na recuperação da BR-304. “O primeiro ponto é o dobro do tempo que estamos levando para transportar de Natal para Mossoró. Esse trecho leva geralmente de quatro a cinco horas e meia. Usando o desvio da Estrada do Óleo esse tempo praticamente dobrou. Essa estrada é muito ruim. Dobra o tempo, aumenta desgaste de pneu, gasto de combustível e colabora para a depreciação do carro”, disse.


A ponte da BR-304 caiu no final do mês de março após chuvas intensas na região. Como alternativa para quem precisa se deslocar entre Natal e Mossoró, os motoristas precisam alongar a distância através de desvios. O desvio terá 500 metros de extensão, 10,5 metros de largura (incluindo dois acostamentos de 1,5 metro cada) em pavimento de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). A camada de CBUQ terá sete centímetros de espessura, garantindo aos usuários mais segurança ao trafegar e possibilitando a passagem de veículos pesados. A pista provisória deverá ser utilizada posteriormente como parte do canteiro de obras para execução da nova ponte.


O desvio começou a ser construído na primeira semana de abril e tinha previsão inicial de 15 dias, mas teve prazo modificado em razão das chuvas, segundo informou o Dnit. No final de abril, o Dnit ampliou o prazo para a primeira quinzena de maio. No entanto, a data foi antecipada e anunciada nesta semana em uma reunião no Ministério dos Transportes.


Desde o final de abril, um desvio construído em propriedade privada, nas proximidades da ponte, tem desafogado o tráfego na região. O local não passa por fiscalizações e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não tem responsabilidade sobre o trecho. A utilização da rota, do início do desvio até o retorno à rodovia federal, leva cerca de 11 minutos. Segundo registro de motoristas, o valor cobrado para utilizar o desvio pela propriedade privada varia entre R$ 20 e R$ 30.


Para entrega completa do desvio, ainda falta o asfaltamento de uma parte com menos de 100 metros, o que deve ser concluído até o fim desta semana, segundo informação foi repassada pelo superintendente do DNIT no Rio Grande do Norte, Getúlio Batista Neto. O investimento total para a obra do desvio é de R$ 6,1 milhões.

Duplicação da BR-304 está inserida no PAC-3

A duplicação da BR-304 está inserida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-3) como prioridade maior do Rio Grande do Norte. Na semana passada, a governadora reiterou o apelo feito anteriormente ao ministro Renan Filho para que até outubro seja lançado o edital de licitação dos dois trechos da duplicação da BR-304, principal via de acesso da capital ao interior do Estado.


O projeto executivo está em fase de elaboração pela empresa vencedora da licitação. São dois grandes lotes cobrindo os quase 300 quilômetros, divididos em sete trechos rodoviários. Segundo o projeto do DNIT, as obras serão iniciadas entre Mossoró-Assu, e no trecho que vai do entroncamento com a BR-226, em Macaíba, até o município de Riachuelo.


Na semana passada, a TRIBUNA DO NORTE publicou a reportagem “Demora em obras na BR-304 prejudica economia potiguar”, mostrando os impactos dos atrasos na obra. Na indústria, várias cadeias são afetadas, mas setores ligados à construção civil, como as cerâmicas e o segmento de material de construção em geral, além de alimentos e bebidas, estão sendo bastante penalizados, de acordo com o presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), Roberto Serquiz. Ele diz que não há uma estimativa dos prejuízos financeiros, mas ressalta que os problemas são variados. “Nós temos constatado um aumento de custo em produtos que têm uma ligação direta com o cotidiano, com uma influência no custo de produção e na qualidade de vida das pessoas”, aponta.


“Isso tem levado o empresário a alguns sacrifícios em função da competitividade, absorvendo e em alguns casos, reduzindo a própria margem de lucro, para manter a sustentabilidade do negócio. Portanto, o tempo de liberação da obra do desvio da BR-304 poderá ter impactos além de uma provável inflação, com reflexos empresariais de maior repercussão no planejamento das empresas, porque essa situação vai gradativamente reduzindo a capacidade de investimento face a rapidez, a velocidade da inovação tecnológica, com interferência direta no multiplicador de investimentos”, acrescenta Serquiz.

Tribuna do Norte

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