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Querido, Arthur, Eu Decidi Erguer um Lar Com os Escombros dos Abusos Sexuais De Que Fomos Vítimas

25 de maio de 2024 às 13:30

Querido Arthur, eu decidi fazer um lar com os escombros do que fizeram conosco. Eu decidi fazer isso por mim. Por você. Por nós.

Você teve sua infância brutalmente interrompida por um pervertido num momento em que todo o contato que você tinha com o mundo era pelo filtro da inocência.

🔗Esse filtro foi violentado dentro de um banheiro de um shopping. Você visitou o horror. Você visitou a miséria. A coléra. A fúria. Você foi apresentado muito cedo a emoções que nem um adulto deveria viver. E, por isso, você tem visitado o inferno, e com apenas 12 anos. 

Querido Arthur, eu vim trazer luz às sombras em que lhe colocaram.

A Culpa Não Foi Sua

Como você, Arthur, o horror do abuso sexual me atravessou. Não tenho mais dúvidas de que os eventos que ocorreram na minha vida entre os 10 e os 15 anos estão na raiz da espiral de autodestruição em que me atirei através do  uso de drogas.

Arthur, a energia que me empurrou para essa espiral foi uma das emoções mais destrutivas do mundo: culpa.

Abusadores são perversos. Eles fazem a gente sentir isso: que a culpa foi nossa. Eles nos fazem sentir indignos. E carregamos essa chaga nos punindo de diversas formas.

Querido Arthur, a culpa não foi sua! 

Buscai e Achareis

Eu ainda não me recuperei totalmente do que aconteceu, mas estou bem melhor. Sabe, Arthur, eu sei que você vai dar conta disso. E precisamos falar sobre alguém que, nesse momento, pode parecer muito difícil de ouvir: Deus.

A emoção que se faz acompanhar da culpa, a raiva, nos enfurece com uma pergunta: Onde estava Deus quando tudo aconteceu? Não tenho resposta para isso, Arthur.

O que tenho é a minha experiência. Todos os caminhos que tentei para lidar com meus traumas foram devastadores. Exceto, quando decidi finalmente buscar a cura. Foi assim que achei Deus. 

O Que Deus Me Disse

Minha conversa com Deus, Arthur, é bem particular. Mas você merece tê-la. Você merece o caminho que eu descobri depois de muita dor.

Deus tem me tratado como um filho digno. Ele me disse que sou amado, que sou digno. Ele me disse que eu tenho uma escolha a fazer com os horrores que me fizeram. E que essa escolha poderia se dar por duas emoções: medo ou amor.

Que se eu escolhesse o medo, como estava escolhendo e, ainda às vezes escolho, como agora que estou fumando um cigarro enquanto escrevo, eu iria espalhar mais sofrimento e dor.

Mas se eu escolhesse o amor, Arthur, eu conseguiria me curar. E, principalmente, eu conseguiria ajudar outras pessoas que tiveram a culpa e vergonha semeadas dentro delas pelo abuso sexual.

Por isso, Arthur, eu escolhi o amor. Porque eu te amo profundamente. É por desejar do fundo do coração que você supere isso com a energia do amor, e não do medo, que lhe escrevo para dizer: Deus não está indiferente ao seu sofrimento. 

Pode Entrar

O lar que estou erguendo para gente está pronto, Arthur. Você pode entrar. Aqui você será sempre amado. Você sentirá o vigor do amor e da dignidade.

Você nunca mais precisará sentir culpa. Você nunca mais precisará se punir.

As pessoas que fizeram isso com a gente vão prestar contas à Justiça Divina. 

Tenho tentado promover justiça, e não justiçamento. Tenho tentado usar o amor para denunciar pedófilos e acolher pessoas como você e eu.

Porque o amor, Arthur, só o amor, tudo crê, tudo pode, tudo suporta.

Que você esteja bem, 

Um abraço.

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Comentários [2]


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Leandro Mendes

Que texto lindo e profundo. meu amigo. Arthur ao ler certamente sentirá o amor seu e de Deus e também de todos que acreditam que o amor vence o medo. Parabéns, Dinarte! Viva Arthur pois quem fez isso com você já morreu e não sabe.

Jefferson

O locutor narrador as vezes parece que é personagem que é você DINART , foi você que escreveu? Ou mandaram pra você ?