Blog do Dina - Ex-Executivos das Lojas Americanas Vendem Ações Antes de Revelação de Rombo Bilionário, Diz PF


Ex-Executivos das Lojas Americanas Vendem Ações Antes de Revelação de Rombo Bilionário, Diz PF

27 de junho de 2024 às 20:16

A Polícia Federal revelou que o ex-CEO das Lojas Americanas, Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali e outros ex-executivos da rede varejista venderam R$ 287 milhões em ações antes do anúncio, em janeiro do ano passado, do rombo de R$ 25,3 bilhões no balanço da empresa devido a "inconsistências contábeis". A descoberta levou à acusação dos ex-executivos por uso de informações privilegiadas, entre outros delitos, na Operação Disclosure.

Detalhes da Investigação

A defesa de Gutierrez afirmou que ele "jamais participou" de fraudes e que está colaborando com as investigações. A reportagem ainda busca contato com a defesa de Anna Christina Saicali. A Americanas afirmou que "foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes".

Situação dos Executivos

Gutierrez e Saicali, principais alvos da operação iniciada nesta quinta-feira (27), estão foragidos. O juiz da 10ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, Márcio Muniz da Silva Carvalho, decretou a prisão preventiva dos dois executivos, que estão fora do país. A Polícia Federal incluiu seus nomes na Difusão Vermelha da Interpol, a lista dos mais procurados.

Vendas de Ações

Segundo a investigação, Miguel Gutierrez e Anna Christina Saicali venderam mais de R$ 230 milhões em ações da Americanas, com o auge das transações ocorrendo em julho e outubro de 2022. Gutierrez, supostamente, tinha envolvimento direto nas fraudes, controlando os resultados levados ao Conselho de Administração e ao mercado.

A Procuradoria da República afirma que há numerosas provas de que "toda a fraude era comandada" por Gutierrez, que tinha conhecimento tanto dos resultados reais quanto dos fraudados, os quais serviram de base para o recebimento de bônus milionários, contando com a coautoria dos outros investigados.

Insider Trading

Os documentos da Operação Disclosure mostram que as vendas de ações ocorreram nos seis meses anteriores à divulgação do "fato relevante" sobre o rombo da Americanas, impactando significativamente o preço das ações da varejista. As operações foram comunicadas à Comissão de Valores Mobiliários. A iminente descoberta do rombo financeiro da empresa, com a troca do CEO em agosto de 2022, levou os investigados a vender ações antecipadamente, evitando a depreciação que ocorreria em janeiro de 2023.

Outras Investigações e Envolvidos

Outros investigados por suposto insider trading incluem José Timotheo de Barros (R$ 20,7 milhões), Márcio Cruz Meirelles (R$ 6,3 milhões), Fábio da Silva Abrate (R$ 6,4 milhões), Murilo Santos Corres (R$ 7,7 milhões), Carlos Eduardo Rosalba Padilha (R$ 4,4 milhões), João Guerra Duarte Neto (R$ 3,8 milhões), Jean Pierre Lessa e Santos Ferreira (R$ 1,1 milhão), Maria Christina Ferreira do Nascimento (R$ 803 mil) e Raoni Lapagese Franco Fabiano (R$ 5,3 milhões).

Declaração da Americanas

"A Americanas reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes. A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos."

O Dina Explica

A acusação de uso de informações privilegiadas (insider trading) contra ex-executivos das Lojas Americanas destaca a gravidade das fraudes contábeis e suas consequências para o mercado financeiro e os investidores. A venda antecipada de ações com base em informações não públicas é uma violação grave que prejudica a transparência e a integridade do mercado. A investigação visa responsabilizar aqueles que se beneficiaram indevidamente, protegendo assim os interesses dos acionistas e a confiança no sistema financeiro.

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